Árbitros da Guarda falam da sua experiência

26-05-2011 18:32

Daniel Nabais, Hugo Geraldes, José Geraldes, Marco Rodrigues e Renato Gonçalves têm em comum o facto de gostarem de futebol e de terem abraçado a carreira de árbitros.

Renato Gonçalves, que é árbitro há 14 épocas, contou ao TB que «a ideia nasceu quando andava na escola secundária. Pretendia estudar Desporto no Ensino Superior e, juntamente com uns colegas de turma, frequentou uma série de formações ligadas às diferentes áreas do desporto, uma das quais foi a formação inicial de árbitros de futebol». Depois acabou por arbitrar alguns jogos e construir uma carreira á volta da arbitragem.

Lidar com os protestos do público parece não ser problema para os árbitros. Renato Gonçalves, que já dirige jogos da 2ª Divisão Nacional, explica que «o nível de concentração no jogo leva a que, na maioria das vezes, estes protestos nas bancadas não influenciam e que têm de ser analisados como parte integrante da opinião das pessoas que assistem ao jogo».

Quanto ao futuro, Renato Gonçalves diz que a carreira na arbitragem é tão incerta como um jogo de futebol e que é definida por uma classificação ordinal. Renato Gonçalves reconhece que é difícil ajuizar um lance em segundos e que já por diversas vezes se apercebeu de decisões menos correctas mas que «não é fácil voltar atrás».

Para Marco Rodrigues, que é árbitro de futebol e de futsal desde 2003, a experiencia na arbitragem esta a ser bem sucedida. O árbitro da Guarda refere que há sempre contratempos mas que é importante estar de consciência tranquila.

Marco Rodrigues explica que «ambiente dentro do pavilhão ou num campo de futebol são diferentes». «No pavilhão trata-se da 2ª Divisão Nacional e no distrital as pessoas comportam-se de maneira ligeiramente diferente, dentro de casa toda a gente se comporta melhor, há sempre diferença no comportamento».

Quanto ao futuro, o árbitro prefere esperar pela classificações que devem sair daqui a um mês. No que diz respeito á carreira, Marco Rodrigues sublinha que «compensa pelo gosto mas ocupa muito tempo porque são os treinos duas vezes por semana e sábados e domingos longe da família». «A arbitragem enriqueceu-me imenso», salienta.

Opinião idêntica tem Hugo Geraldes, que é árbitro há 11 anos. Depois de dar os primeiros passos no desporto através da carreira de jogador na Desportiva da Guarda, Hugo Geraldes recebeu os conselhos do pai [José Geraldes] e decidiu entrar na arbitragem.  

No Nacional há 4 épocas, Hugo começa por dizer que o pai sempre foi uma referência e que o futebol e especialmente a arbitragem era um tema de conversa em casa. O árbitro adianta que «enquanto a idade o permitir o objectivo é chegar o mais longe possível». Hugo reconhece que já errou nalguns jogos mas sublinha que «um árbitro não pode estar a pensar no erro que cometeu por exemplo aos 20 minutos porque corre o risco de continuar a errar até ao final da partida». Quanto á preparação para os jogos, é feita quatro vezes por semana com treinos específicos no relvado do Estádio Municipal ou no Parque Urbano do Rio Diz.

Apesar de ter apenas 8 anos como árbitro, Hugo Geraldes recorda que foi assistente do pai num jogo em Vila Nova de Tazém entre a equipa local e a Desportiva de S. Romão. «O meu pai expulsou um jogador que depois agrediu outro e gerou se muita confusão com o público a invadir o terreno de jogo, partiram a porta do balneário do árbitro e tivemos de abandonar o recinto na viatura da GNR», conta.

Daniel Nabais, árbitro de futebol e futsal há 3 anos, já passou por uma situação idêntica. «Aconteceu em Casal de Cinza, num jogo do Distrital de Futsal  com a equipa da Sequeira e onde fui agredido» conta.

Depois de ter treinado uma equipa de futsal da cidade, Daniel decidiu abraçar a carreira de árbitro. As razões prenderam-se com «a curiosidade em saber as leis de jogo, gostar de futebol e pela cultura desportiva porque para criticar é necessário aprender».

Apesar de curta, Daniel Nabais considera que «a carreira está a correr bem e o objectivo é evoluir no futsal».

Saber conviver com os protestos do público parece não ser difícil para o jovem árbitro da Guarda. «Como no passado foi um adepto critico em relação a árbitros, neste momento não ligo a esse tipo de situações. O árbitro têm de estar concentrado, em certos campos é muito difícil que noutros, mas por norma não abdico do jogo para ouvir meia dúzia de insurrectos nas bancadas.

 

José Geraldes foi árbitro durante 24 anos

José Geraldes foi árbitro durante 24 anos. Natural do Paul, concelho da Covilhã, chegou á Guarda bastante cedo e esteve ligado durante muitos à arbitragem.

A carreira como árbitro iniciou-se quando acompanhou um árbitro da Guarda a um jogo que se realizou na localidade de Barco, no concelho da Covilhã. «No regresso à Guarda houve troca de impressões, tirei o curso e o meu chefe de equipa era o António Ferreira».

José Geraldes recorda ainda um jogo em Vila Nova de Tazém, entre aquela equipa e o Seia. « Tratava-se de um jogo de subida de divisão e a certa altura houve um pontapé de canto e a bola com a força do vento recuou para a zona do meio campo e o árbitro apitou para o final do jogo. No entanto, houve um jogador que não ouviu e marcou golo que obviamente foi anulado. Tivemos de sair na viatura da GNR devido aos protestos sem razão».

Pai de Hugo Geraldes, José Geraldes conta que nunca influenciou o filho a seguir a carreira de árbitro mas é da opinião de que o filho tomou a opção certa.

Fonte: Jornal 'TERRAS DA BEIRA'